terça-feira, novembro 24, 2009

preocupações conceituais

tenho acompanhado as edições da bienal do mercosul aqui em porto alegre desde o início, confesso que a cada ano que passa, desgosto mais da mostra. provável que eu seja apedrejado em praça pública pelas minhas declarações neste post, mas são pensamentos que têm me incomodado ao longo dos anos.

li há pouco tempo atrás, uma matéria no jornal mais popular do estado do voltaire schilling sobre o caminho que a arte tem trilhado em direção, digamos de forma eufêmica, ao feio e bizarro(quem leu a matéria entendeu que ele quis dar um adjetivo muito pior que o meu). confesso o exagero do autor em certos pontos, inclusive em certas obras legadas da bienal(que eu até acho “simpáticas”), tanto que gerou uma contra matéria de um famoso desconhecido(que por sinal, não me lembro o nome agora).

o ponto que quero chegar, é que o conceitual da arte, tem se tornado deveras conceitual, ao ponto de só o próprio autor da obra entender a sua essência. a coisa tem degringolado ao ponto de a minha noiva olhar um cone envolto em uma fita de isolamento(aquelas de trânsito amarelas e pretas) e me perguntar se aquilo também não era uma obra de arte, de fato não era, mas perto do que eu vi, acredito que até poderia. eu sei que o artista tenta expressar o máximo do seu íntimo em cada obra, mas deveria ser feito de forma que terceiros também consigam compreender.

marcel duchamp começou tudo isso, de forma maestral diga-se de passagem, porém desencadeou uma nova onda em que até um rolo de papel higiênico vira arte de vanguarda. discordo! com todas as palavras! arte deve ser compreendida, o espectador deve sentir o que o artista sente, e este, deve criar um clima que envolva as pessoas e os faça ter percepções semelhantes às suas. por outro lado, uma grande surpresa para o lado positivo, foi a exposição projetores, que expos diversas obras realizadas na forma de filmagens e animações, gostei! esse conceito tem sido bastante utilizado nos últimos anos e tem dado um dinamismo muito legal na arte, e ao mesmo tempo cria um maior entendimento da obra, pois a maioria delas tem um mini documentário do artista falando do processo de criação e suas percepções, acho legal esse envolvimento de mídias digitais e arte.

voltando à vaca fria, não quero impor limites ao processo criativo dos artistas, apenas desejo apenas que façam algo além de exarcebar os seus sentimentos, que conquiste o visitante com a sua visão.

 

That’s the deal.

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